Friday 23 February 2018

Se o meu apartamento falasse!

Nao, nao e' um post sobre a minha morada, mas sobre a peça de teatro que assisti ontem com a minha amiga I. no Teatro Santander. Gostava muito de recomendar a todos irem ver, porque vale muito a pena, mas infelizmente parece que vai sair de cena já este Sábado, por isso, provavelmente nao vao ter oportunidade de o fazer... mas ainda assim justifica-se o post, por um lado porque foi uma noite ótima que merece ser registada na minha memória ou seja no meu blog... sim, quando criei o meu primeiro blog há 11 anos atrás assim que cheguei ao Japão, o objetivo era servir de minha memória, ter um local onde gravar o que ia vivendo, para poder ler uns anos mais tarde e recordar os momentos importantes, aos poucos, mais pelo interesse das outras pessoas do que pelo meu, o blog passou a ser um espaço para partilhar o que fui vivendo e quem sabe deixar umas dicas a quem venha passear pelos sítios por onde tenho passado, mas esse espaco de memoria continua sempre presente. 

O Teatro Santander fica ao lado do Shopping JK Iguatemi e por isso o acesso e' super fácil, especialmente para quem mora na zona sul de Sampa, e o shopping, ao contrário do que acontece na maioria dos centros comerciais em Portugal, tem restaurantes excelentes. Assim, começamos a noite com um drinque e um antipasti no Tre, um super sofisticado restaurante italiano. Adorei o design do restaurante, a parede que parece o perfil de uma cara ou a que e' feita de copos, a comida e as bebidas também são top. Depois seguimos para o teatro. A peca e' bastante longa, sao 2h30 de espectáculo + 15 minutos de intervalo, poderia ter sido um pouco mais curta, mas a historia e' super divertida, com direito a muitas muitas gargalhadas, a personagem interpretada pela Maria Clara Gueiros e' sensacional. Pela primeira vez tinha uma amiga brasileira ao lado, e assim, pela primeira vez tive alguém a ajudar com as piadas locais, e' que numa comédia há sempre algumas piadas que os estrangeiros têm dificuldade para entenderem, normalmente por falarem de personalidades ou locais que não conhecemos, por isso, desta vez tive o prazer de conseguir entender todas as piadas! E por falar em ajuda, pela primeira vez assisti a uma peça de teatro com tradução simultânea para surdos e havia algumas pessoas ao pé de nós com uns auscultadores que pensei eu serem tradução para ingles, mas nao, afinal serviam de explicação para pessoas cegas! Fiquei bastante impressionada, que bom que as pessoas com dificuldades físicas também podem ter acesso a espetaculos como este.

Por fim, na plateia estava sentada a Claudia Raia, nunca a tinha visto ao vivo e sem maquiagem e fiquei impressionada, achei-a muito mais bonita assim.

Foi uma noite super divertida!






Tuesday 20 February 2018

Largo da Batata

Já tínhamos passado várias vezes pelo Largo da Batata e, apesar de achar curioso o nome, nunca tínhamos parado. Depois de procurar um pouco fiquei a saber que se chama Largo da Batata porque desde 1920 era a regiao que concentrava os vendedores de batatas. 

A região tem vindo a desenvolver-se e tem sido objeto de requalificação assim, neste fim de semana que passou fomos jantar a um restaurante que fica mesmo ao lado do Largo da Batata e que se chama Fito. Trata-se de um restaurante em que a comida é confeccionada com produtos brasileiros, as bebidas também são brasileiras, caipirinhas, claro, mas muitas outras misturas com sabores bem diferentes. Em resumo, muito giro, simples e delicioso. A companhia também ajudou claro e valeu todas as gargalhadas! Adorei.

Depois do jantar tivemos vontade de dar uma voltinha e fomos a pé até a Rua Guaicuí, uma rua pequena, só de bares com muita muita gente na rua, um ambiente muito animado, com pessoas bem mais novas do que nós, mas que fecha relativamente cedo, por volta da 1h30 da manhã quase todos os bares fecharam, embora as pessoas tenham continuado na rua. Apesar de não termos ficado muito tempo, valeu bem a pena. 



Saturday 17 February 2018

Rincon Escondido

Aqui ha uns tempos atras iniciamos um grupo que se chama o Jantar Secreto, um casal é escolhido para preparar uma noite surpresa para os amigos. Nesta onda, na passada semana fomos surpreendidos por uma noite no Rincon Escondido.

O Rincon Escondido é uma espécie de "Private Kitchen" (muito comum em Hong Kong), não se trata de um restaurante normal, nao tem tabuleta anunciada, e apenas serve refeicoes para grupos organizados. Os responsáveis são dois argentinos e a especialidade: churrasco. 
O lugar é girissimo, umas traseiras de uma casa transformadas em jardim, com uma churrasqueira enorme, uma mesa alta em jeito de balcão e depois mesas menores para os grupos. No nosso caso o espaço estava reservado só para nós (eramos 10, mas o espaço leva bem 20 ou 30 pessoas) e a noite incluiu um "curso de churrasqueiro" que implicou ficarmos a conhecer os diferentes tipos de vacas, os diferentes cortes da carne, como medir a temperatura de uma churrasqueira, que temperatura grelhar cada tipo de carne e no final fazermos o nosso próprio molho chimichurri. Depois de varias entradas saídas da grelha e de um belíssimo bife ancho acompanhado de batata doce, terminamos a refeição com um crepe de doce de leite com sorvete de mandioca... perfeito. E no final trouxemos para casa o nosso chimichurri, um certificado de churrasqueiros, um alfajor e uma amostra de azeite... nada mau, hein!




Saturday 10 February 2018

Carnaval em Sampa 2018

Desta vez não fomos até ao Rio para celebrar o Carnaval! Em vez disso ficamos aqui mesmo em Sao Paulo, mas quisemos aproveitar ao máximo, assim inscrevemo-nos numa escola de Samba, Acadêmicos do Tucuruvi, e fomos desfilar no Sambódromo de Anhembi!
A festa começou com o ensaio geral na 3f passada. E isto é que é mesmo uma experiência imperdível! A bateria em alto som mesmo ao nosso lado, a rainha da bateria a dar um show mesmo ao pé de nós, as porta bandeiras ali mesmo ao nosso lado a agitar a casa, foi um espetáculo! Vale muito muito a pena, por apenas 10 reais com direito a um energético, assiste-se a tudo isto, mesmo que não se queira desfilar, assistir ao ensaio geral na quadra da escola de samba é uma experiência única e muito divertida que aconselho a toda a gente, que o possa, a fazer!

Mas é claro que nada se compara a energia de desfilar no sambodromo. Apesar de nao vermos a rainha da bateria, nem a porta bandeira e o mestre de sala, nem as passistas e apenas vermos um ou dois carros alegóricos, A sensação de que somos parte da festa é... alguém me disse que é o mais próximo de sabermos o que sentem as estrelas de rock quando tocam para milhões e acho que é inteiramente verdade. Agora deixem-me contar como se desenrolou a noite...

O plano era jantarmos alguma coisa em casa ou aqui ao pé, e irmos de carro até a escola de samba, deixarmos o carro lá e seguimos no autocarro da escola para o Anhembi e no regresso fazermos a mesma coisa... mas nem sempre os planos correm bem... 
Decidimos e ir jantar ao Bar do Juarez que fica aqui mesmo em frente de casa, atrasamo-nos um pouco, que não seria um problema se eu não tivesse torcido um pé no caminho de regresso a casa... com uma dor excruciante no pé, sentei-me no banco de um café e achei que a festa tinha terminado... após alguns minutos lá consegui pousar o pé no chão e achei que conseguiria pelo menos andar até casa, fazer 1 hora de desfile mais o tempo de espera é que nao tive a certeza, mas naquela hora eu so queria era despachar-me... cheguei a casa de braço dado ao Luis, tomei um antiinflamatório, virei a casa de cima para baixo a procura de uma meia elástica que tenho a certeza de ter e que não encontrei, mesmo assim coloquei uma pomada e liguei o pé com uma ligadura normal, vestimo-nos e falamos para a escola a avisar que estávamos atrasados, disseram-nos para irmos diretos para o Anhembi. Metemo-nos no carro, paramos numa farmácia para comprar emplastros e a dita meia elástica, e la fomos... como o plano era irmos para a escola de samba nao me informei sobre o trânsito e o melhor sítio para estacionar.... com o Luis a conduzir e eu preocupada com o pé, só quando chegamos perto do local é que vimos o caos... demos varias voltas, sempre com medo de ir parar ao engano a algum local menos aconselhado, até que finalmente conseguimos encontrar um estacionamento do lado oposto àquele de onde saiam as escolas, mas que ficava próximo do fim do desfile (menos mal), um lugar com um ar seguro e bom para deixar o nosso volvo. Depois, fizemos mais ou menos 3 km entre chegar ao início do sambódromo e dar a volta toda ao local para chegarmos ao nosso sítio... o meu pé com a meia elástica e a adrenalina ficou bem, mas as sandálias da fantasia do Luis começaram a aleija-lo, de tal forma que ele acabou a fazer metade do caminho descalço pela rua! Depois de todas estas peripécias chegamos ao nosso local! Acabamos de nos vestir, o Luis conseguiu apertar a sua sandália de forma a que não o magoasse e entramos no espírito! 
A vantagem de termos chegado bastante atrasados é que não tivemos que esperar muito para entrar no Sambódromo. A nossa ala era uma das primeiras. A frente vai a comissao da frente, depois o mestre-sala e a porta-bandeira, em seguida o carro abre alas e uma primeira ala, depois foi a rainha da bateria e a bateria que sai do desfile para ficar parada de lado no sambódromo, seguida uma ala de passistas (as garotas com o verdadeiro samba no pé, e logo a seguir fomos nos (!!!!!), depois seguiram-se mais um monte de alas e carros... ao todo 28 alas! Quando entramos no sambódromo a alegria das pessoas a verem-nos e a puxarem por nós é indescritível!
O samba da nossa escola foi muito bom! Nunca mais vou esquecer:

... Sou eu... 'imagem do som' e beleza
Salve a lingua Portuguesa
Meu samba é Brasil
Uma noite no museu... voce e eu
Fazendo história nesse Carnaval
E show na galeria, meu Tucuruvi
Pode aplaudir


E devo dizer que depois de ter desfilado em São Paulo e no Rio, as diferencas nao sao muitas, o tamanho do sambódromo é semelhante, nao sei se um será maior do que o outro, mas não fez diferença, a dimensão das escolas de samba também é semelhante,  mas sentimos ainda mais energia no Rio, o que é incrível, porque ontem sentimos muita energia mesmo, alias deliramos totalmente com este desfile! Conclusão, se tiverem oportunidade de desfilar no Rio não percam, mas se só o poderem fazer em São Paulo, vão na mesma!

Enfim, o Carnaval de 2018 vai ficar na nossa memória para sempre, como um dos melhores e mais intensos que passamos nas nossas vidas! Para o ano ha mais!










E aqui fica o desfile completo da nossa escola!



No ensaio com a bateria e a rainha da bateria Daniela Albuquerque:





Tuesday 6 February 2018

3 Anos em Sampa

Faz hoje 3 anos que aterramos em Sampa. Viemos felizes e sem grandes expectativas. Ia ser mais uma experiência, mais um país, mais uma cidade. Sabiamos que tinhamos bons amigos por ca, mas nada nos dizia o quanto iriamos gostar de estar por aqui. 
Estes 3 anos passaram a voar, sinceramente custa-me a acreditar que ja estou a apagar a terceira vela!
Temos aproveitado bastante a nossa estadia e continuamos encantados pela cidade. Sao Paulo nao e uma cidade bonita, nao e uma cidade de grandes monumentos, mas e uma cidade com uma vibração indescritível, onde há sempre alguma coisa diferente e interessante para fazer.
E assim se passou, mais um ano que ficará na nossa memória como mais um ano de Brasil intensamente feliz!

Friday 2 February 2018

Maior e menor e outras expressões portuguesas


Sendo Portuguesa, naturalmente que sempre achei que o Português de Portugal é mais correcto do que o Português do Brasil, mas estes anos de vivência neste pais ensinaram-me que nem sempre isso é verdade...

Desde pequenina que ouço os meus pais dizerem e corrigirem:
- Nao se diz "mais grande", diz-se "maior".
De tanto ouvir isso, naturalmente que aprendi e uso sempre a palavra "maior", mas então, porque não fazemos o mesmo com "mais pequeno"?? Porque razão é que consideramos corretíssimo dizer "mais pequeno" em vez de "menor"? Pois é, aqui no Brasil, a regra aplica-se sempre, se dissermos "mais pequeno" fica tudo a olhar para nós com cara de "a sua mãe não ensinou você direito" e respondem de volta com um "menor" bem acentuado... assim, tive consciência de que realmente não faz sentido não podermos dizer  "mais grande" mas podermos dizer "mais pequeno" e lá tive que meter na cabeça esta nova regra, não foi fácil porque isto de aprender coisas em crescido é bem mais difícil do que aprender em criança, mas hoje em dia já só digo "menor" e acreditem que, agora, a expressão "mais pequeno" soa-me muito estranha no ouvido.

E já que falamos deste tema.. porque dizemos 1 par de calças? As calças são só umas não são duas... lá porque tem duas pernas, não são duas calças mas sim apenas umas... logo 1 par de calças é meio esquisito, não acham? Umas calças faz muito mais sentido. 1 par de sapatos: sim, 1 par de calcas: nao.